ARTIGO
A grande safra
OPINIÃO

O Brasil vai colher, em 2025, a maior safra agrícola de toda sua história. A produção de cereais, leguminosas e oleaginosas, segundo dados atualizados pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), será de 328 milhões de toneladas. Comparada com a safra de 2024, o crescimento será de 11%.
As culturas mais representativas da produção brasileira são a soja e o milho. Mas a boa notícia trazida pelos dados da CONAB é que houve crescimento também nas safras de arroz e feijão, mais voltadas ao mercado interno.
Estimativas mais recentes feitas pela Agroconsult, consultoria especializada em análise agropecuária, confirmam que a produção de soja chegará a 172 milhões de toneladas, mantendo o Brasil na liderança mundial dessa leguminosa. Trata-se de uma produção jamais alcançada no Brasil e 16 milhões acima da safra de 2024.
O levantamento da Agroconsult é mais atual que os da CONAB e IBGE. Foram obtidos pelo Rally da Safra, um evento no qual a consultoria levanta anualmente dados de área plantada, produtividade e produção, visitando todas as regiões produtoras do país. Os principais fatores que ajudaram a aumentar a produção de soja foram a elevada demanda nacional e internacional, boa oferta de crédito público (Plano Safra) e privado, crescimento da área plantada e aumento da produtividade em todas as regiões produtoras. Destaque para a região Centro Oeste e para algumas regiões do estado da Bahia. A razoável estabilidade climática também contribuiu para o bom resultado da safra.
Mato Grosso continua líder nacional em produção de soja. As projeções indicam que o estado colherá 50 milhões de toneladas de soja na safra atual. Ultrapassou a produção da Argentina, ocupando a terceira posição mundial, atrás apenas do Brasil e dos Estados Unidos.
A produção de milho, alavancada pelo aumento de consumo no mercado nacional e global e utilização para fabricação do etanol, deve chegar, ao final do atual ciclo, à casa dos 125 milhões de toneladas. Em Mato Grosso, a safra de milho é estimada em 45 milhões de toneladas. Como Mato Grosso exporta apenas pequena parte da sua produção de milho, a boa performance da cultura é explicada pelo aumento do consumo humano, da utilização para ração animal e transformação em etanol. O estado possui o maior parque industrial de etanol de milho, ocupando a liderança nacional desse tipo de biocombustível.
Os excepcionais resultados da safra agrícola induzem ao questionamento se a maior disponibilidade de cereais vai contribuir para a redução dos preços dos alimentos, atualmente um dos maiores algozes do orçamento familiar e que tem colaborado para manter a inflação brasileira acima da meta.
Partilho da visão de grande parte dos especialistas ao reconhecerem que a farta safra de cereais vai aumentar a oferta de alimentos e contribuir para a reduzir paulatinamente os preços desses itens nas gôndolas dos supermercados. Mas essa queda de preços não se dará tão rapidamente e nem em proporção suficiente para trazer a inflação para patamar próximo da meta de 3%. Mas, certamente, evitará que a inflação exploda e saia do controle, o que forçaria o Banco Central a elevar ainda mais as taxas de juros.
Além das conhecidas elevações sazonais de preços de vários produtos que compõem a alimentação cotidiana dos lares brasileiros, vários outros fatores atuam para manter os preços em níveis elevados. Fatores como o aumento do patamar de preços dos insumos agrícolas importados, intempéries climáticas que alternam enchentes, longas estiagens e incêndios. O mercado de trabalho aquecido, aumento da renda média do trabalho e elevação do consumo das famílias também atuam como vetores que sustentam a demanda aquecida, pressionando os preços.
A maior oferta de feijão e arroz, produtos mais consumidos internamente e presentes nas refeições dos brasileiros de todas as classes, vai contribuir diretamente para a mitigação dos preços dos alimentos.
Graças à grande safra, o cenário da inflação em 2025 indica que os preços dos alimentos não terão queda expressiva, mas subirão bem menos do que subiram ao longo de 2024.

OPINIÃO
Janelas de oportunidades econômicas

A verdadeira “tsunâmi tarifária” imposta ao mundo pelo presidente Donald Trump abre promissoras janelas de oportunidades econômicas para o Brasil em suas transações do comércio exterior.
A partir do dia 05 último, entrou em vigor a descomunal tarifação anunciada pela Casa Branca sobre as exportações de 185 parceiros comerciais dos EUA, com tarifas que variam de um patamar mínimo de 10%, chegando a 54% para alguns países. Ao colocar o Brasil na tarifa mínima de 10%, considerada neutra sob o aspecto do comércio exterior, a nova política tarifária aduaneira americana cria, involuntariamente, boas possibilidades para o Brasil expandir mercados para as empresas brasileiras, aumentar suas exportações para parceiros comerciais com os quais já transaciona e deve acelerar a celebração do acordo comercial Mercosul-União Europeia, fato que vai beneficiar diretamente a economia brasileira.
Além das retaliações já anunciadas pela China, aquele país asiático deve reduzir drasticamente as importações de produtos agrícolas americanos, aumentando suas compras do agronegócio brasileiro. Como, aliás, já havia acontecido no primeiro mandato de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos quando sobretaxou as importações de produtos chineses. Em retaliação, o governo de Pequim aumentou as tarifas e barreiras aduaneiras sobre produtos americanos, reduziu compras de carnes, soja e milho e passou a comprar mais do agro brasileiro, tornando-se nosso maior parceiro comercial. Seis meses depois, os EUA foram forçados a firmar, às pressas, um acordo com os chineses, retirando a sobretaxação e combinando um pacto que previa elevadas cotas de compras de commodities agropecuárias americanas que os asiáticos nunca cumpriram e nada sofreram pelo descumprimento.
A União Europeia, além das sobretaxações recíprocas, deve acelerar acordos comerciais com outros continentes como parte da estratégia de enfrentamento à ameaça americana ao atual sistema internacional de comércio, construído a duras penas por décadas de aprimoramentos e complexas negociações comerciais e diplomáticas. Nesse contexto, o acordo comercial Mercosul/União Europeia surge como uma alternativa óbvia para manutenção do fluxo comercial e reduzir a dependência das compras americanas.
Formou-se um consenso entre analistas financeiros, grandes universidades americanas e consultorias que as medidas anunciadas pelo governo americano guardam um evidente desconhecimento macroeconômico e de relações internacionais, a partir do “fetiche da reindustrialização”. Como resultado, produzirão retração da economia do país, aumento da inflação e, por conseguinte, reduzirá a rentabilidade das empresas e a renda das famílias americanas. Em editoriais, os principais jornais americanos consideram que foi o maior ato de autossabotagem do país, já visto na história. Os grandes bancos americanos atualizaram suas projeções aumentando para 60% a possibilidade da economia dos EUA entrar em recessão em 2025/2026.
Em relatório distribuído a clientes, o IIF (Instituto de Finanças Internacionais, na sigla em inglês), que reúne mais de 400 bancos e instituições do mundo, considera que as medidas aumentam exponencialmente as possibilidades de queda da atividade econômica americana e aumento da inflação pois encarecem insumos essenciais da indústria (aço, alumínio, cobre refinado, semicondutores, farmacêuticos, fertilizantes) e atingem todas as cadeias de suprimentos vitais para a produção doméstica americana.
A tarifa neutra estabelecida na nova política tarifária trumpista oferece ao Brasil um dos maiores impulsos ao seu comércio exterior. O país ainda pode se beneficiar do enfraquecimento do dólar, redução dos preços internacionais do petróleo e abertura de novos mercados para os produtos agropecuários como Vietnã, Japão, Indonésia. Além, naturalmente, de aumento das vendas para China e mercado europeu.
É muito provável que o presidente americano recuará da maior parte das mudanças tarifárias, pressionado pelos consumidores-eleitores, grandes corporações empresariais americanas e pelo resto do mundo. Considero completamente improvável o redesenho de todo o sistema de comércio internacional de forma unilateral. Uma arquitetura de comércio que começou a ser construído desde o final da segunda guerra mundial pelos maiores líderes políticos e empresariais do mundo civilizado O atual sistema de comércio exterior teve como principais arquitetos os estrategistas econômicos e geopolíticos americanos. A intensa expansão da comercialização de bens e serviços entre as nações é responsável por grande parte do enriquecimento dos EUA e contribuiu, juntamente com a industrialização e inovação tecnológica, para o país se tornar a maior economia do planeta.
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