Artigo
A ética ganha impulso
OPINIÃO
A ética volta com força à paisagem política? Uma explicação plausível para o fenômeno é o sucateamento das velhas ferramentas que mexem com os valores da política, a corrupção que continua a solapar as bases da democracia, a ausência de critérios racionais na gestão da res publica, o jogo de interesses onde os cartolas e os dirigentes partidários dão as cartas, a violência que se espraia nos vãos e desvãos do edifício político, entre outras.
Os espaços na mídia se mostram propensos a acolher um novo ciclo ético, conforme pode ser observado por impulsos dados por algumas organizações, como o Instituto Não Aceito Corrupção, diligentemente comandado pelo valoroso procurador de Justiça, de São Paulo, Roberto Livianu, que acaba de inaugurar um novo programa na mídia eletrônica (leia-se a TV Cultura) para disseminar a semente da ética. P.S. Diga-se, a propósito, que a TV Cultura atravessa uma fase promissora em sua programação, abrindo espaços para as correntes sociais e puxando para o foro de debates temas da maior relevância da pauta nacional.
A pertinência da questão se relaciona, conforme se pode deduzir, aos movimentos pela depuração ética, que brotam no seio da sociedade e o motor principal foram os eventos que sujaram as páginas da administração pública, desde os tempos da Lavajato, quando o fantasma da corrupção ceifou parte da credibilidade que banhava as estatais, a partir da Petrobras. Os recentes movimentos orientados para atestar a ideia de denúncias vazias e de que não teria havido corrupção nos governos do PT não conseguem convencer os defensores de um Brasil limpo, probo e justo.
Vou mais além. O impeachment do presidente Collor, lá atrás, foi a tocha que acendeu a chama ética na sociedade brasileira; e a fogueira ética que hoje ilumina o cenário político é resultante de uma tendência não apenas brasileira, mas internacional, que desloca eixos tradicionais de poder para a sociedade. Ela passa a ser mais autogestionária e determinada a cumprir as suas metas de bem-estar.
A ética na política e na administração pública é um dos instrumentos que a sociedade coloca no plano estratégico de suas lutas. O impacto imediato dessa vontade ocorre no palco político. A relação entre ética e política é bastante estreita, tratando a primeira, pela visão aristotélica, da análise das virtudes, a busca da felicidade, a consideração sobre o conceito de justiça e a segunda tratando da análise das normas constitucionais e dos regimes mais adequados para bem servir a comunidade.
Não há justiça, virtude ou felicidade à margem da sociedade política. O plano político afeta o plano ético e vice-versa. Donde se pode concluir que qualquer aperfeiçoamento ético no país tem fortes repercussões sobre a arena política, o terreno da administração pública, a relação entre o poder público e os grupos privados e o perfil da autoridade.
Volto aos fatores por trás da onda ética que se propaga por quase todas as regiões brasileiras. O despertar da racionalidade, como acima foi anotado, é um deles. O Brasil se afasta do ciclo da emoção. A sociedade toma consciência de sua força, da capacidade que tem para mudar, pressionar e agir. Trata-se de uma aculturação lenta, porém firme, no sentido do predomínio da razão sobre a emoção. O crescimento das cidades e, por consequência, as crescentes demandas sociais; o surto vertiginoso do discurso crítico, revigorado por pautas mais investigativas e denunciadoras da mídia; o sentimento de impunidade que gera, por todos os lados, movimentos de revolta e indignação; e, sobretudo, a extraordinária organicidade social, que aparece na multiplicação das entidades intermediárias, hoje um poderoso foco de pressão sobre o poder público – formam, por assim dizer, a base do processo de mudanças em curso.
Tudo isso se faz sentir no próprio conceito de democracia. Já se foram os tempos da democracia direta, aquela que nasceu em Atenas dos IV e V séculos, quando os cidadãos, na praça central, podiam se manifestar diretamente sobre a vida do Estado. Estamos vivendo a plena democracia representativa, que, por vezes, se introjeta de valores da democracia direta, estes que se expressam quando os cidadãos, por regiões ou dentro de suas categorias profissionais, tomam decisões, escolhem representantes e exigem deles mudanças de comportamento.
Uma sociedade pluralista propicia maior distribuição de poder, maior distribuição de poder abre caminhos para a democratização social e, por conseguinte, a democratização da sociedade civil adensa e amplifica a democracia política, de acordo com o pensamento de Norberto Bobbio. No Brasil, estamos caminhando firmes nessa direção e a prova mais eloquente da tendência se verifica na formidável malha de centros de poder instituídos em todos os âmbitos. Aproxima-se de um milhão o número de entidades não-governamentais, mostrando que a organicidade social é o mais impactante vetor de mudanças de nossos tempos. E mais: o Brasil começa a fechar o ciclo da política de oportunidades.
*Gaudêncio Torquato é escritor, jornalista, professor titular da USP e consultor político.
OPINIÃO
Autocuidado feminino para prevenir câncer de colo de útero deve ser meta
O início de um novo ano é sempre propício para reflexões e metas, mas também é um momento estratégico para lembrar a importância do cuidado feminino com a saúde. Este mês é dedicado ao Janeiro Verde, uma campanha nacional de conscientização que busca alertar as mulheres sobre o câncer de colo de útero, uma doença silenciosa, porém prevenível, que afeta milhares de brasileiras.
Este tipo de câncer, também chamado de câncer cervical, é o terceiro mais comum entre mulheres no Brasil. Fica atrás apenas do câncer de mama e do câncer de pele não melanoma. Segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o país registra, anualmente, cerca de 17 mil novos casos da doença. É um desafio significativo à saúde pública.
É importante lembrar que a rotina acelerada da mulher contemporânea, marcada por jornadas duplas entre trabalho e família, muitas vezes faz com que a saúde fique em segundo plano. É um contexto real feminino. No entanto, o câncer de colo de útero reforça a necessidade de colocar o bem-estar no centro das prioridades, especialmente aquelas planejadas a cada início de ano. A prevenção é simples e eficaz. As estratégias disponíveis, como a vacinação contra o HPV e o exame preventivo Papanicolau, podem salvar vidas.
O câncer de colo de útero surge, em sua maioria, após infecções persistentes pelo Papilomavírus Humano (HPV), um vírus transmitido predominantemente por relações sexuais. Em alguns casos, o vírus provoca alterações celulares que, sem tratamento, podem evoluir para tumores malignos. Ele começa com presença de lesões nos tecidos ao redor do colo uterino, depois de infecções persistentes. A lesão com presença de alteração celular tem como agente causador alguns tipos de Papilomavírus Humano (HPV) oncológicos, se estendendo para toda região vaginal, do reto e bexiga.
Os fatores de risco são: início precoce da vida sexual; múltiplos parceiros; tabagismo e baixa adesão à vacinação e exames preventivos. A prevenção inclui dois passos. Primeiro: vacina contra o HPV disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS) para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. A vacina protege contra os principais tipos do vírus relacionados ao câncer.
O segundo passo é o exame preventivo (Papanicolau), que deve ser realizado por mulheres a partir dos 25 anos ou que já iniciaram a vida sexual, preferencialmente uma vez por ano. O exame detecta alterações precoces que podem ser tratadas antes de se tornarem cancerosas.
Um dos maiores desafios desse tipo de câncer é que ele é silencioso em suas fases iniciais. Apenas em estágios mais avançados surgem sintomas como sangramento vaginal anormal, corrimento persistente ou dor pélvica. Por isso, é essencial rastrear esse tipo de doença. A análise feita por patologistas a partir do material coletado no Papanicolau é capaz de identificar alterações celulares antes que elas evoluam para um câncer. Além disso, em caso de resultados suspeitos, procedimentos como colposcopia e biópsia são recomendados para confirmar o diagnóstico. Quando diagnosticado precocemente, as chances de cura ultrapassam 90%.
A vacinação contra o HPV é uma medida que tem o potencial de transformar gerações. Estudos apontam que, com altas taxas de adesão à vacina, a incidência de câncer cervical pode ser reduzida drasticamente nas próximas décadas. No entanto, a imunização por si só não basta. A combinação da vacina com exames preventivos regulares é a melhor forma de garantir que as mulheres fiquem protegidas contra o câncer de colo de útero.
Nesse contexto, o Janeiro Verde é mais do que uma campanha de saúde. É um chamado à ação feminina. Mulheres precisam e devem colocar a saúde em primeiro lugar. Cuidar de si mesma não é apenas um ato de amor próprio, mas também um compromisso com sua família e com o futuro. É importante aproveitar este mês para dar o primeiro passo. Quando se trata de prevenção, o tempo é o maior aliado. *Carlos Aburad é médico patologista do CPC Aburad Diagnóstico
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