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Mattel lança Barbie com aparelho auditivo e Ken com vitiligo

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As novas barbies estarão disponíveis a partir do dia 22 de junho deste ano
Divulgação

As novas barbies estarão disponíveis a partir do dia 22 de junho deste ano

A Mattel anunciou a primeira coleção de bonecas da Barbie e Ken que conta com bonecas com aparelhos auditivos e vitiligo. Os novos modelos são uma tentativa da marca de fazer com que as crianças se reconheçam mais em suas brincadeiras e aumentar a diversidade, já que a boneca sempre foi muito ligada a padrões estéticos de beleza. 

A nova Barbie com parelho auditivo foi criada em conjunto com a fonoaudióloga norte-americana Jen Richardson. Em nota de divulgação da Mattel, ela conta como está empolgada com a possibilidade de crianças com problemas auditivos poderem se sentir representadas. 

“Como fonoaudióloga educacional com mais de 18 anos de experiência na luta contra a perda auditiva, é inspirador ver que as pessoas que sofrem de perda auditiva são representadas por uma boneca. Estou muito feliz que meus jovens pacientes possam ver e brincar com uma boneca que se parece com eles”, relata Richardson.

Além da boneca com aparelho auditivo, a linha também conta com o Ken com vitiligo que faz dupla com a já existente Barbie com vitiligo, lançada em 2020. A linha conta ainda com uma Barbie que usa cadeira de rodas.

A Mattel fala sobre a importância da representação de diferentes corpos. “Ao representar a diversidade e a inclusão, permitimos que as crianças brinquem com bonecas que se parecem com elas e que melhor correspondam ao mundo ao seu redor”, declara a marca.

No entanto, a comunidade das pessoas com deficiência chamam atenção para o alto preço dos brinquedos. As bonecas com deficiência acabam tendo um valor mais alto, custando em média R$ 160,00 reais, enquanto as outras fica na média dos R$ 68, 00 reais, tornando o produto menos acessível ao público. Os Brinquedos estarão a venda a partir do dia 22 de junho deste ano. 

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Fonte: IG Mulher

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Eleonora Menicucci, a mulher que mudou a sua vida

Defensora histórica dos direitos das mulheres, a ex-ministra fala das conquistas e derrotas, conta como tentou conciliar maternidade e revolução e como é envelhecer quebrando preconceitos

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Foto: Gibran Mendes

Logo na entrada do apartamento onde Eleonora Menicucci vive há quarenta anos no bairro de Pinheiros, em São Paulo, ícones feministas como Pagu, Frida Kahlo, Rosa Luxemburgo, Simone de Beauvoir e Emma Goldman estão lado a lado, eternizadas em retratos que, para ela, têm a mesma importância das fotos de família. Estamos na casa de uma feminista que trabalha há décadas para melhorar a vida das mulheres no Brasil. Você pode não saber, mas Eleonora Menicucci mudou a sua vida.

Socióloga especializada em saúde coletiva, ela foi responsável pela Secretaria de Políticas para as Mulheres do governo Dilma Rousseff – uma pasta com status de ministério que não existia até então. Eleonora ocupou o cargo de 2012 a 2015 e se orgulha de vitórias históricas como a aprovação da PEC das domésticas, que deu a essa categoria os mesmos direitos de todos os outros trabalhadores (parece incrível, mas não era assim), a lei que incluiu o feminicídio no Código Penal brasileiro e a lei que que obriga todos os hospitais do Serviço Único de Saúde (SUS) a dar atendimento imediato a vítimas de violência sexual, incluindo a distribuição da pílula do dia seguinte. O período no poder também teve derrotas amargas, como a impossibilidade de avançar com qualquer debate sobre legalização do aborto, uma de suas pautas mais caras – e, claro, o impeachment que deu fim ao governo Dilma, sua amiga de uma vida inteira.

Mineira de Lavras, nascida em 1944 – apenas doze anos depois da conquista do voto feminino no Brasil – Eleonora é de uma família que respirava política. Mas foi longe de casa, como estudante de Ciências Sociais em Belo Horizonte, que ela se tornou militante de esquerda e vítima dos horrores da ditadura militar: presa em 1971, teve a filha Maria, então com 1 ano e dez meses, arrancada dos braços e foi barbaramente torturada. Libertada quatro anos depois, teve outro filho, Gustavo, ganhou três netos, virou acadêmica respeitada, foi livre e fez da causa das mulheres a bandeira que carrega até hoje, prestes a completar 80 anos de idade.

 

P: Chegamos a mais um 8 de março. Há mais coisas a celebrar ou a reclamar? 

R: É fundamental celebrar para não deixar que esqueçam que o mundo é feito de homens e mulheres e que ainda há uma desigualdade insuportável, que é a desigualdade de gênero. Ou seja, há muito que reclamar também. Adoraria que não fosse necessária uma data como essa; significaria que nós já conseguimos a igualdade de direitos em todas as esferas. Mas parece longe, então o 8 de março é importante. E não me venha com flores! Venha com respeito, que é o mais importante.

 

P: Você sempre foi uma mulher livre? Como a casa em que você cresceu formou a feminista Eleonora?

R: A casa onde eu nasci me levou à política, isso sem dúvida. Mas o feminismo, a experiência de vida é que foi trazendo. Lá em casa, todos éramos do antigo PSD, do Tancredo Neves; todos fazendo campanha para o João Goulart, era uma casa que respirava política. Meu avô era médico e senador, eu tinha tios deputados, e minha mãe era da política também, só que não dava tempo de mergulhar nisso e ainda criar cinco filhos. Sou a segunda de cinco e meu pai morreu quando eu tinha 11 anos. Sempre fui muito rebelde, desde novinha; rebelde nos costumes, no agir. Na adolescência, em Lavras eu era daquelas namoradeiras, um rótulo pesado na época. Também ouvi muito dizerem “ah, é filha de viúva… a mãe não tá sabendo criar”. Eu ficava indignada!

 

P: Você saiu cedo de casa?

R: Perto dos 20 anos, no início dos anos 60. Fui morar na casa de uns tios em Belo Horizonte e aí ganhei o mundo. Já tinha terminado o curso normal, fui trabalhar, ganhei liberdade. Quando veio o golpe de 64, eu estava no primeiro ano de Ciências Sociais e de Medicina. Passei nos dois vestibulares e levei os dois cursos, por dois anos. Eu já era militante do Partido Comunista Brasileiro, do PCB e fui me aprofundando na militância. Meu grupo criou o POC, Partido Operário Comunista. Quando veio o Ato Institucional número cinco (dezembro de 1968), tive que me afastar da universidade e entrar pra clandestinidade. Eu já estava grávida da Maria.

 

P: Foi uma gravidez desejada?

R: Muito desejada.

 

P: Como você planejava conciliar maternidade e revolução?

R: O céu era o limite pra nós, daquela geração! Era um pouco subversivo, nesse grupo, ser mãe. Depois do AI-5, eu e meu então companheiro viemos embora para São Paulo. Maria nasceu aqui, na clandestinidade. Continuamos a militar aqui, seguríssimos de que aquilo era correto.

 

P: E era?

R: Era. Havia um golpe contra os direitos sociais. E os militares começaram a matar. A cada companheiro assassinado, mais a gente tinha convicção de que era o certo. O problema é que nós supervalorizamos a nossa força e subestimamos a dos militares. Ainda assim, não me arrependo de nada.

 

P: Você foi presa em 1971, em São Paulo. Já vi você dizer que a dor física da tortura é indizível, mas que a marca psíquica é ainda mais grave.

R: É impressionante. Fui presa em São Paulo, pela Oban (Operação Bandeirante, criada pela ditadura militar) e a Maria estava comigo. Ela tinha um ano e dez meses e ficou com a minha cunhada. Fui levada pro Doi-codi, fui muito torturada. E 24 horas por dia eles diziam “nós vamos matar a sua filha, nós sabemos onde ela está”. E eles matariam mesmo, como fizeram com outras pessoas. Essa tortura psíquica deixa marcas. Uma dor que já começa na hora da prisão: eles arrancaram ela do meu colo e eu só tive tempo de dizer “eu vou ao dentista e volto”.

 

P: Você ficou sem ver sua filha por quanto tempo?

R: Ela foi morar com a minha mãe em Belo Horizonte e vinham fazer algumas visitas. Mas era difícil, eu fiquei três anos presa em São Paulo. Depois fui levada pra Juiz de Fora. A Maria tinha pavor das visitas, daquele lugar. Chorava, berrava. Quando fui solta, o pai dela ainda ficou preso mais três meses.

 

P: Você fez muita terapia? Como lidar com traumas dessa grandeza?

R: Eu fiz terapia depois, você vai buscando maneiras de se curar. Mas, naquele momento, o que me salvou foi um grupo de mulheres lésbicas de Belo Horizonte, que me acolheram com muito afeto.

 

P: Um grupo feminista.

R: Sem dúvida. Eu digo que descobri o feminismo na tortura. Porque ao ser torturada com um cabo de vassoura na vagina, ou levando choques, com o Carlos Alberto Brilhante Ustra olhando na porta, você pensa “não é possível”. Ali eu fui entendendo que nós, mulheres, temos uma força descomunal. Não que os homens não fossem torturados; claro que foram. Mas quando fui procurar ajuda para entender e elaborar esse episódio, o feminismo foi fundamental. Hoje eu me acho uma mulher vitoriosa. Mesmo depois de todo esse processo, continuei fazendo minha vida política, ocupei cargos nas universidades, fui ministra de Estado. Depois de aposentada, continuei como professora. Sou presidente do Conselho da Fundação Perseu Abramo. Minha geração abriu portas e janelas para as que vieram depois. A democracia nos deve muito. Na construção dessa frágil democracia que temos no Brasil, a luta pelos direitos das mulheres sempre me deu força.

 

P: Você completa 80 anos em agosto. Que sentimentos tem sobre isso?

R: Eu falo que a luta rejuvenesce! É impressionante. Vou fazer 80, e sem dúvida nenhuma, há uma sensação de envelhecimento. Mas não de missão cumprida; acho que a vida ainda espera muitas coisas de mim. Com diferenças, claro. Uma mulher de 80 anos não tem a mesma ossatura, a mesma energia de uma jovem de 20. Mas eu gosto de como estou. Tive os filhos que eu quis, fiz os abortos que eu quis fazer.

 

P: Quantos?

R: Foram dois abortos e duas gestações a termo. Dois filhos muito desejados, Maria e Gustavo, filhos do Ricardo, que foi meu amigo até o fim da vida. Ele morreu tem pouco tempo.

 

P: Você e Dilma Rousseff são amigas de infância?

R: A Dilma era colega da minha irmã e moramos na mesma rua. Nos separamos por causa da clandestinidade. Vim pra São Paulo, tive a Maria. Mas a gente se conhece desde sempre.

 

P: Do que você mais se orgulha de ter feito como ministra?

R: Eu tenho a maior honra de ter assinado com a Dilma três leis: a lei do feminicídio, a PEC das trabalhadoras domésticas e a lei da contracepção do dia seguinte – e isso no SUS, que é revolucionário. As pessoas esquecem! É preciso lembrar que a realidade era muito diferente. Dos 29 direitos trabalhistas básicos da Constituição, as domésticas tinham oito! Hoje elas têm os direitos que todo trabalhador tem. Isso é um avanço fenomenal. O feminicídio, idem. A morte de uma mulher pelo fato de ser mulher é diferente e tem que ser tipificado assim, mas na época o Brasil foi o 16.º país a ter uma lei de feminicídio. Não tinha em quase nenhum lugar do mundo. Eu fico muito indignada porque todo mundo hoje fala feminicídio, mas não diz o nome da Dilma! Tem que ser justo, não é? Se hoje há um Ministério da Mulher, é porque nós fizemos. Aliás, a atual ministra, Cida Gonçalves, era Secretária Nacional de Enfrentamento à Violência na nossa época.

 

P: E das coisas que não foi possível fazer no governo, qual lhe dói mais?

R: A legalização do aborto, claro. Minha posição sobre esse assunto sempre foi clara. Nunca abri mão das minhas convicções pessoais.

 

P: Por que foi impossível avançar nessa pauta?

R: Eu apresentei um projeto, mas não havia possibilidade de ir pra frente. A Dilma cairia muito antes. Não havia força suficiente pra essa briga, eu era um uma gota dentro de um universo. Fiz políticas importantes, mas essa foi minha grande tristeza. A conjuntura não permitia.

 

P: E continua a não permitir, não é?

R: Sim, igualzinho. Porque nós somos uma sociedade altamente reacionária, altamente conservadora nos costumes. Como professora, fiz várias pesquisas, gente do Brasil inteiro. E sabe o que acontece? Você pergunta “Você é a favor ou contra a legalização do aborto?” e a pessoa de cara diz que é contra, “Imagina! Isso é pecado”. Aí, mais para o fim da conversa, depois de contar toda a vida reprodutiva dela, surge a informação: “eu já fiz um aborto”, “eu já fiz dois abortos”. Então você vê que não se trata de uma convicção; é uma questão moral mesmo, a coisa dos costumes que a gente tem que trabalhar. E eu acho que as feministas são fundamentais para trabalhar essa questão. Uma recolocação da política de costumes.

 

P: A gente assiste a uma onda conservadora, não só no Brasil. Você nunca desanima ao ver os discursos, a patrulha de quem é contra a liberdade?

R: Eu fico puta! Desculpa o termo, mas fico puta mesmo. É muito hipócrita alguém ir pra rua pedir pela vida sem pensar na vida das mulheres. A legalização do aborto é justamente pela vida das mulheres. O aborto proibido é que está matando. Parem de nos matar!

 

P: A política hoje é um lugar menos violento para as mulheres?

R: Ainda é difícil. Você não imagina a violência que as mulheres que entram para a política institucional ainda sofrem. Houve avanços, temos cotas, as mulheres negras foram bem destacadas nas eleições passadas. Mas elas são violentadas de manhã, de tarde, de noite! Eu quando eu vejo o plenário com aquelas tranças todas, aqueles panos, vejo um lugar de pertencimento delas. Muda o ambiente. Era um monte de homem branco, velho. Precisa ter essa renovação. Sou fã da Duda Salabert, que coisa incrível ter essas figuras.

 

P: São figuras que incomodam muita gente.

R: Ah, isso sempre. Lembro muito da época da PEC das domésticas, um monte de gente esperneando, querendo derrubar. A PEC foi aprovada numa sexta-feira; no sábado, eu vim para São Paulo e no aeroporto de Congonhas tinha gente que se pudesse me mataria. Gritaram comigo, uma cena dantesca! Acho que uma das lutas mais importantes que temos que travar é a luta contra a misoginia, em todas as esferas da sociedade. Em todos os âmbitos do poder, no cotidiano nas escolas, dentro de casa, na rua, no bar, nas universidades.

 

P: Como é seu diálogo com as novas gerações de feministas?

R: Tenho um orgulho enorme. Claro que tem coisa pra amadurecer, mas a rebeldia da juventude é muito saudável. Deixa elas serem como são.

 

P: Você acha que a sua geração, que estava lutando pelo coletivo, foi negligente com a própria saúde, física e mental?

R: Eu nunca fui negligente com saúde, sou muito ligada à Medicina, é parte de mim. Mas aquela foi uma geração sofrida, não dá pra cobrar. A vida não me permitia parar para chorar sobre coisas que eu fiz, ou olhar se eu me cuidei o suficiente. Quando eu saí da prisão, tinha que reconquistar minha vida, minha filha… A Maria, quando me viu entrando na sala, na minha volta, agarrou a mão da minha mãe. Depois, não queria ficar lá em casa comigo e o pai dela. Ligava pra avó ir buscar. Ela tinha um sentimento de abandono que é uma coisa.

 

P: Você sentiu culpa por isso?

R: Algumas vezes, claro. Depois que eu recuperei a Maria, tive o Gustavo, aí me separei… foi todo um cesto de perdas pra minha filha lidar. Eu não representava estabilidade; isso ela via na avó, a minha mãe. Mas aos poucos eu fui reconquistando esse lugar. Quando me separei, meus filhos ficaram comigo. Fiquei em Belo Horizonte por um tempo, terminei o curso de Ciências Sociais. Depois fui pra Universidade Federal da Paraíba fazer mestrado. Saí com os dois meninos de ônibus, gastei três dias! Sem emprego fixo, fui batalhar uma vida nova. Fiquei doze anos lá.

 

P: Quanto tempo você e Ricardo viveram juntos?

R: Entre idas e vindas, uns 15 anos, ou um pouco mais.

 

P: Você já se declarou bissexual. Foi sempre ou isso aflorou depois?

R: Eu sempre fui bissexual. Nunca tive essa necessidade de normatizar a questão do prazer, do desejo. Pra mim sempre foi assim, não importa se é homem ou se é mulher. Nunca importou. Faço parte de uma geração que quebrou esses preconceitos.

 

P: Você teve outros casamentos depois?

R: Vivi alguns relacionamentos sim. Mas as escovas de dentes no mesmo lugar, não, não. Cada um tem que ter seu espaço. Não acho que morar na mesma casa é o que define casamento.

 

P: O que define casamento?

R: É afeto, é solidariedade, é paixão. Acho uma bobagem ficar insistindo depois que acaba a paixão. Isso é uma dificuldade, principalmente na classe média. Quem obriga a isso é a heteronormatividade. Eu sou radicalmente contra essa normatização das relações. O amor é sinônimo também de liberdade. Não pode virar prisão. Imagine eu, que fui presa de fato, viver em qualquer tipo de prisão! Eu não consigo. Outro dia li um texto lindo, de um cara que se descobriu trans. Ele era casado e a primeira pessoa pra quem ele contou foi a mulher, com quem ele tinha seis filhos. E eles ainda viveram um tempo juntos. Olha também a história da Laerte, cartunista. Quer coisa mais bonita do que se encontrar?

 

P: Você experimentou muita coisa sexualmente?

R: Sim. Experimentei muito. E acho que explorar a sexualidade é uma das coisas que me deram mais sustentação. E sexualidade não é só transar. Quando você entende isso, você muda a tua vida.

 

P: Que peso tem o sexo na sua vida hoje?

R: Ele vai perdendo a importância que tinha na juventude. A vida é mais do que isso. O prazer que se buscava no sexo é substituído por um olhar, um carinho, uma atenção, uma boa conversa, uma discussão muito boa, uma troca de experiências.

 

P: Quais os ganhos e as perdas de estar perto de 80 anos?

R: Olha, chegar lúcida aos 80 anos é um ganho muito forte, e é a marca de uma geração. Claro que em muitos momentos eu sinto o peso da velhice, mas ele não me paralisa. Fazer 80 anos é muito bonito. E eu particularmente me cuidei sempre e sigo assim, faço Pilates, RPG, caminho. Quer dizer, agora menos, porque eu tive um tombo em dezembro e quebrei duas costelas, então tive que ficar mais quieta.

 

P: É adepta de tratamentos estéticos?

R: Eu sou totalmente a favor de plástica, do que as pessoas quiserem fazer, mas nunca fiz. Só tirei aqui um pouco das pálpebras.

 

P: Você tem medo da morte?

R: Não, a morte… a morte é a finitude, ponto. E você não sabe o que vem depois. Procuro sempre estar bem na vida hoje!

 

P: Você tem religião?

R: Sou agnóstica. Respeito todas as crenças e se me chamarem para ir numa mãe de santo ou numa missa católica, eu vou.

 

P: Você lê muito? Quem faz sua cabeça?

R: Leio tudo, tô sempre com uns três livros à mão. Quem gosta de ler não fica sozinho, um livro é um extraordinário companheiro. Acabei de ler todos os do Leonardo Padura, reli Todos os nomes, do José Saramago, e agora eu tô com um da Gerda Lerner, A criação do patriarcado. Também gosto muito de assistir filmes, em casa e na rua; saio muito para ir ao cinema. Ando saindo toda encapotada, por causa do Aedes aegypti, mas não deixo de sair. Vi Anatomia de uma queda, Pobres criaturas… Gostei muito daquele do Nanni Moretti (O melhor está por vir).

 

P: Que sonhos você ainda quer realizar?

R: Do ponto de vista político, quero ver um país menos desigual. Uma vida melhor para todo mundo. E ainda tenho muita esperança da gente trabalhar e avançar na questão dos direitos sexuais reprodutivos. No plano mais pessoal, eu quero escrever um livro. Não uma autobiografia, mas um livro que entrelace os momentos políticos do Brasil com a minha história.

 

P: Você faz algum diário?

R: Não, vai ser tudo de cabeça. Tá tudo aqui!

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