O agricultor Nei Francio, 57 anos, é o principal alvo da Operação Rustius, deflagrada pela Polícia Federal nesta quarta-feira (4) e que investiga um suposto esquema de “caixa 2” na campanha do prefeito eleito de Sorriso (397 Km de Cuiabá), Alei Fernandes (UB).

Os mandados, nove deles de busca e apreensão e uma medida cautelar, foram cumpridos pelos agentes em endereços nas cidades de Sorriso e em Cuiabá.

A Justiça também determinou a retenção do passaporte do agricultor alvo da ação, bem como ordenou uma proibição de sair da cidade e o impedimento dele de manter contato com outros investigados.

Durante as eleições municipais deste ano, Nei Francio atuou como cabo eleitoral para o candidato Alei Fernandes, que sagrou-se vencedor do pleito com 25.255 dos votos válidos (51,33%).

A INVESTIGAÇÃO

Segundo apurado pelo Única News, o agricultor passou a ser investigado após ter sido preso com R$ 300 mil na noite de 3 de outubro deste ano, pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) durante fiscalização na BR-163, em Sorriso.

Na ocasião, Nei foi flagrado pelos agentes transportando o dinheiro em espécie dentro de sua caminhonete, uma Toyota Hilux, adesivada com propaganda eleitoral do então candidato a prefeito Alei Fernandes.

O agricultor trafegava pelo Km 754 da rodovia federal, quando tentou fugir de uma abordagem de rotina da PRF. Após desobedecer à ordem de parada, Nei fugiu em direção à cidade, mas foi interceptado pelos PRFs ao entrar em uma estrada vicinal.

Questionado sobre o motivo da fuga e seu destino, o agricultor disse aos policiais que tinha acabado de chegar de Cuiabá para tratar de assuntos pessoais no município. Durante uma vistoria no interior do veículo, a equipe policial encontrou uma caixa de papelão no banco traseiro da caminhonete, com R$ 300 mil em espécie.

Questionado, Nei Francio mentiu para os policiais e disse desconhecer de onde tinha vindo o dinheiro. No entanto, logo mudou a versão e afirmou que a quantia era referente ao pagamento de uma suposta venda de arroz que havia realizado na semana anterior. Perguntado sobre o contrato de compra e venda dos grãos, o suspeito desconversou e disse que não possuía o documento, não sabendo ainda informar os dados do comprador do produto.

Durante a checagem das cédulas, a equipe da PRF identificou que o dinheiro estava em pacotes de papel contendo o valor informado, mas com datas distintas à que foi informada pelo agricultor.

Diante das características e outros detalhes apurados pelos policiais, a suspeita é de que o montante seria utilizado para a compra de votos no município.

Nei foi encaminhado em flagrante para a delegacia, onde foi autuado pelo crime de transporte de valores não declarados e o montante apreendido foi entregue à Polícia Civil de Sorriso.